A Moreninha
Augusto,
Leopoldo e Fabrício estavam conversando, quando Filipe chegou e os convidou
para passar um fim de semana na casa de sua avó que ficava na Ilha de Paquetá.
Todos ficaram empolgados, menos Augusto. Filipe comentou a respeito de suas
primas e de sua irmã, que provavelmente estariam na ilha. Foi quando surgiu uma
discussão que deu origem a um aposta; Filipe desafiou Augusto dizendo que se
ele não se apaixonasse por uma das moças ali presentes, no prazo de um mês,
seria obrigado a escrever um romance sobre sua história. Passaram-se quatro
dias, Augusto recebeu uma carta, que lhe foi entregue por seu empregado Rafael,
a mando de Fabrício. A carta dizia que o namoro de Fabrício com D.Joaninha não
estava indo muito bem, pois ela era muito exigente. Ela fazia-lhe pedidos
absurdos como escrever quatro cartas por semana , passar quatro vazes ao dia em
frente à sua casa e nos bailes ele teria que usar um lenço amarrado em seu
pescoço , da mesma cor da fita rosa presa a seus cabelos.
Terminando
a leitura, Augusto começou a rir porque era ele quem sempre aconselhava
Fabrício em seus namoros. Na manhã de sábado, chegou à ilha e encontrou seus
amigos, que estavam a sua espera. Entrando na casa, se dirigiu à sala e se
apresentou, em seguida foi procurar um lugar para sentar-se perto das moças.
Foi então que ele se deparou com D.Violante, que lhe ofereceu um assento. Ela
falou por várias horas sobre suas doenças, e perguntou o que ele achava.
Augusto já irritado de ouvir tantas reclamações, disse que ela sofria apenas de
hemorróidas. D.Violante se irritou, afirmando que os médicos da atualidade não
sabem o que falam. Fabrício chegou interrompendo a conversa e chamou Augusto
para um diálogo em particular. Os dois começaram a discutir sobre a carta, pois
Augusto disse que não pretendia ajudá-lo em seu namoro com D.Joaninha. Fabrício
então declarou guerra a Augusto. Logo após a discussão, chegou Filipe
chamando-os para o jantar.
Na mesa,
após todos terem se servido, Fabrício começou a falar em tom alto, dizendo que
Augusto era inconstante no amor. Ele, por sua vez, não respondeu as
provocações, mas, na tentativa de se defender, acabou agravando ainda mais a
sua situação perante todos. Após o jantar, foram todos passear no jardim e
Augusto foi isolado por todas as moças. Apenas D.Ana aceitou passear com ele.
Augusto quis dar explicações à D.Ana, mas preferiu ir a um lugar mais
reservado. Ela sugeriu então que fossem até uma gruta, onde sentaram num banco
de relva. Começaram a conversar e Augusto contou sobre seus antigos amores e
entre eles do mais especial, que foi aos treze anos, quando viajando com seus
pais conheceu uma linda garotinha de oito anos, com quem brincou muito na
praia, quando um pobre menino pediu-lhes ajuda. Eles foram levados a uma cabana
onde estava um velho moribundo a beira da morte. Sua mulher e seus filhos
estavam chorando.
As
crianças comovidas deram todo o dinheiro que possuíam à mulher do pobre velho.
O velho agradeceu e pediu de cada um deles um objeto de valor. O menino deu-lhe
um camafeu de ouro que foi envolvido numa fita verde e a menina deu-lhe um
botão de esmeralda que foi envolvido numa fita branca, transformando-os em
breves. O camafeu ficou com a menina e a esmeralda com o menino. Depois
trocados os breves, o velho os abençoou e disse que no futuro eles se reconheceriam
pelos breves e se casariam. Foram embora e a menina saiu correndo de encontro a
seus pais sem ter revelado o seu nome, e a partir daquele momento nunca mais se
viram. Acabada a história Augusto levantou-se para tomar água. Ao pegar um copo
de prata foi interrompido por D.Ana que resolveu lhe contar a história da
gruta, que era a lenda de uma moça que se apaixonara por um índio que não a
amava e de tanto ela chorar, deu origem a uma fonte, cuja água era encantada.
Disse
também que quem bebesse daquela água teria o poder de adivinhar os sentimentos
alheios e não sairia da ilha sem se apaixonar por alguém. D.Ana explicou também
que a moça cantava uma canção muito bela, quando de repente eles escutaram uma
linda voz. Augusto perguntou a D.Ana de onde vinha aquela melodia e ela
explicou que era Carolina que cantava sobre a pedra de gruta e ele ficou
encantado. Logo após o passeio, foram todos até a sala para tomar café e a
Moreninha derramou o café de Fabrício sobre Augusto. Ele foi se trocar no
gabinete masculino quando Filipe entrou e sugeriu que ele fosse se trocar no
gabinete feminino, para que pudesse ver como era. Augusto aceitou e enquanto se
trocava, ouviu vozes das moças que iam em direção ao gabinete. Ficou apavorado,
pegou rapidamente as roupas e se enfiou debaixo de uma cama. As moça entraram,
sentaram-se e começaram a conversar sobre assuntos particulares.
O rapaz
ouviu toda a conversa e quase não resistiu ao ver as pernas bem torneadas de
Gabriela na sua frente. De repente ouviram um grito e Joaninha disse que a voz
parecia com a de sua prima D.Carolina. Todos saíram correndo para ver o que
estava acontecendo e Augusto aproveitou para terminar de se trocar e saiu do
gabinete para ver a causa daquele grito. O grito era da Moreninha que viu sua
ama D. Paula caída no chão, devido a alguns goles de vinho que tomou junto do
alemão Kleberc. D.Carolina não queria acreditar que sua ama estivesse bêbada e
levaram-na para o quarto. A Moreninha estava desesperada quando Augusto,
Filipe, Leopoldo e Fabrício entraram no quarto e percebendo a embriaguez da
velha senhora começaram a dar diagnósticos absurdos. D.Carolina só acreditou em
Augusto e não aceitou o verdadeiro motivo do mau estar de sua ama. Todos saíram
do quarto e se dirigiram até o salão de jogos. Augusto foi conversar com D.Ana
e perguntou sobre o paradeiro da Moreninha. D.Ana disse que ela estava no
quarto cuidando de sua ama.
Augusto
foi até até o aposento e chegando na porta viu uma cena inesquecível; ela lavava
com suas delicadas mãos os pés de sua ama e ele comovido se ofereceu para
ajudá-la. Depois disso Augusto sugeriu que a deixasse repousar pois no dia
seguinte estaria bem. D.Carolina foi se trocar para em seguida ir ao Sarau,
colocou um vestido muito bonito mas fora dos padrões normais, pois mostrava
parte de suas pernas. Todos queriam dançar com ela e Fabrício pediu-lhe a
terceira dança, mas a garota mentiu dizendo que iria dançar com Augusto. Ele
por sua vez dançou com todas as moças e jurou-lhes amor eterno, inclusive para
a Moreninha. No fim da festa Augusto encontrou um bilhete que estava em seu
paletó, dizendo para ir à gruta no horário marcado e logo após encontrou outro
no qual dizia que aquilo era uma armadilha.
No dia
seguinte, Augusto foi até a gruta no horário marcado e encontrou as quatro
jovens e antes que elas pudessem falar, foram surpreendidas pelo rapaz que
contou cada uma o que ouvira no gabinete. As moças ficaram revoltadas e depois
de irem embora Augusto foi surpreendido pela Moreninha que começou a contar a
conversa dele com D.Ana. Mas primeiro ela tomou um copo da fonte e foi por este
motivo que Augusto ficou mais impressionado pois lembrou-se da lenda da fonte
encantada, e logo depois do susto, declarou-se a ela. Depois de acabadas as
comemorações, as pessoas voltaram para suas casas. Augusto não se cansava de
contar sobre D.Carolina para Leopoldo, que sempre dizia que aquilo era amor. Os
rapazes acharam conveniente visitar D.Ana, Augusto se encarregou dessa tarefa
no domingo. D. Ana foi recebê-lo e contou-lhe que D.Carolina estava triste até
saber se sua vinda para a ilha. Durante o almoço Augusto viu um lenço na mão de
D.Carolina e adivinhou que ela o tinha bordado e após muita conversa D.Carolina
resolveu ensiná-lo a bordar. Depois do almoço, Filipe e Augusto foram jogar
baralho, quando ouviram o chamado da Moreninha para a primeira aula de bordado.
A lição
acabou ao meio dia e Augusto achou prudente ir embora, despediu-se de todos e
combinou com D.Carolina, que no domingo seguinte voltaria e traria o lenço já
terminado. No domingo seguinte, Augusto voltou até a ilha e levou o lenço
totalmente pronto, para que sua mestra pudesse o ver, ela não acreditou que ele
fizera um trabalho tão bem feito e começou a chorar, dizendo que ele tinha
outra mestra. Augusto tentou explicar-se de todas as maneiras possíveis, e
disse que o lenço fora comprado de uma velha senhora. Depois de muita
insistência a Moreninha aceitou a situação, pois D.Ana disse-lhe que sua
atitude era infantil. Depois do incidente Augusto chamou a Moreninha para um
passeio e percebeu que ela estava um pouco nervosa, foi então, que ele
perguntou-lhe se havia um amor em sua vida, ela respondeu com a mesma pergunta
e Augusto disse que o grande amor de sua vida era ela. A Moreninha ficou imóvel
e disse que o seu amor poderia ser ele.
Augusto
voltou para sua casa e foi proibido de voltar à ilha por seu pai pois seus
estudos estavam sendo prejudicados. D.Carolina não era mais a mesma desde a
partida de Augusto que agora estava em depressão. Seu pai, vendo que estava
prestes a perder seu filho, achou melhor que Augusto voltasse à ilha e pedisse
a mão da Moreninha em casamento. Chegando próximo à ilha, viram a Moreninha
cantando sobre a pedra, e ela ao vê-los ignorou-os. D.Ana foi recebê-los e o
pai de Augusto explicou a situação se seu filho. Eles foram até a sala e de
repente a Moreninha apareceu com seu vestido branco chamando a atenção de
todos, foi então que o pai de Augusto fez o pedido diretamente a Moreninha,
pois seu filho não tinha coragem o suficiente. A moça ficou assustada e disse
que daria a resposta mas tarde na gruta mas D.Ana disse ao pai de Augusto que
não se preocupasse, pois a resposta seria sim. Augusto, ansioso, foi até a
gruta e chegando lá encontrou a Moreninha, os dois conversaram e ela perguntou
se ele ainda amava a menina da praia.
Ele disse
que não pois seu amor pertencia somente a ela. Ela disse que não poderia se
casar pois ele já estava comprometido com outra pessoa. Irritado, ao sair da
gruta foi surpreendido quando ela lhe mostrou o breve verde. Augusto não
agüentou a emoção e pegando o breve ajoelhou-se aos pés da Moreninha, começando
a desenrolar o breve reconhecendo o seu camafeu. O pai de Augusto e D.Ana
entraram na gruta e não entenderam o que estava acontecendo, acharam que os
dois estavam malucos e Augusto dizia que encontrara sua mulher e a Moreninha
por sua vez dizia que eles eram velhos conhecidos. Logo após Filipe, Leopoldo e
Fabrício viram a alegria do novo casal, mas Filipe foi logo dizendo que já se
passaram um mês, Augusto perdera a aposta e deveria escrever um romance.
Augusto surpreende a todos dizendo que o romance já estava pronto e se
intitulava A Moreninha.
REFERÊNCIA
:http://www.resumosdelivros.com.br/j/joaquim-manuel-macedo/a-moreninha/
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