quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A Letra Escarlate - Livro de Nathaniel Hawthorne

Em "A Letra Escarlate", Nathaniel Hawthorne mostra as desventuras de Hester Prynne na cidade de Boston, nos Estados Unidos do século XVII. Numa sociedade dominada essencialmente por puritanos, a protagonista da história sofre um julgamento. O crime: teve uma filha, mesmo sendo uma mulher sem marido. Pressionada várias vezes pelos magistrados, e por uma última vez, pelo seu pastor pessoal, Mr. Dimmesdale, ela se recusa a dizer o nome do pai da criança.
Como pena para esse "pecado", Hester deveria usar, em sua roupa, uma letra "A" (de adultério) de cor vermelha. Nos primeiros dias, ela deveria permanecer sobre um tablado com sua filha aos braços por longas três horas e, em outro período do dia, ficaria na prisão. Tudo para que servisse de exemplo às pessoas que caíssem na tentação da carne.
O autor nos mostra como o fanatismo religioso pode ser perigoso; quando os magistrados anunciam a sentença publicamente, algumas pessoas da cidade se revoltam, pois a consideram muito branda. Uma delas diz que se deveria queimar-lhe toda a fronte com a letra "A", um castigo até leve para quem costumava queimar e afogar "bruxas". Hester cria sua filha sozinha, sofrendo o desprezo daqueles que a consideravam pecadora. Vemos como gastavam-se tempo e energia perseguindo aqueles que não se comportavam de acordo com os padrões morais e comportamentais estabelecidos na época. Perseguiam, julgavam e discriminavam conforme suas crendices e o que achavam correto. Não tinham respeito pelo diferente. Esse lado do isolamento pelo qual tais pessoas passavam fica bem explícito na obra.
Um dia, na prisão, sua filha passou mal e foi-lhe chamado um médico chamado Roger Chillingworth, recém-chegado a Boston. Quando este adentra ao local, a mulher tem uma surpresa: tratava-se de seu ex-marido, que prometia vingança contra aquele por quem Hester se apaixonara. Ele pede à ex-mulher que mantenha esse segredo, pois não ficaria bem a ele ser apontado na cidade como um homem traído. Caso ela não mantivesse esse segredo, ele destruiria a vida daquele que ela amava perante a sociedade.
O tempo passa, Dimmesdale e Roger Chillingworth tornam-se amigos e vão morar na mesma casa. Isso acontece, pois a saúde do jovem pastor mostrou-se frágil, portanto, foi-lhe aconselhado a ficar perto do médico para que este zelasse por sua saúde.
Hawthorne descreve com primor os tipos; quando fala do ódio de Chillingworth, o leitor é capaz de percebê-lo. Em alguns momentos, sentimos "raiva" de Hester por não abandonar aquele local de sofrimento e partir para uma vida nova. Sofremos e sentimos seu isolamento, o modo como a maltratam nos traz à reflexão nossos preconceitos e discriminações do dia-a-dia. Todos nós temos uma Hester Prynne a quem julgamos, isolamos e maltratamos, apenas por ser diferente, por pensar diferente ou por agir diferente.
No decorrer da história, o (re)encontro entre Hester e o Reverendo Dimmesdale é inevitável. Após os acertos de uma fuga à "Romeu e Julieta", em que fariam o caminho oposto partindo rumo à Inglaterra, descobrem que Chillinworth faria a mesma viagem, estragando, dessa forma, seus planos.
A amargura do segredo tomava cada vez mais conta do coração do jovem pastor. Queria se livrar daquele sentimento como que num grito. Ele sobe ao tablado em que, outrora, sua amada e sua filha foram colocadas para que a primeira pagasse por seu pecado, leva as duas consigo e, para toda a cidade, confessa ter sido aquele que "pecou" com Hester. Talvez aliviado por tamanho peso, ou sentindo a decepção daquela gente, ele morre aos braços de sua amada Hester. Chillingworth morre pouco tempo depois, e mãe e filha partem à Inglaterra, pois o reverendo lhes havia deixado uma herança. Anos depois, Hester volta para passar seus últimos dias no lugar em que tudo havia acontecido.
Vemos como a preocupação em manter a "máscara social" numa sociedade pode ser maligna a uma pessoa. O afã em querer manter as aparências e as conseqüentes mentiras podem destruir vidas, futuros e sonhos. O final dado à história pelo autor é, de certa forma, uma punição àqueles que cometeram os atos questionáveis (Chillinworth e Dimmesdale) e um "prêmio" a quem sofreu com voz calada toda a trama (Hester e Pearl). Mais uma vez, isso nos remete à reflexão, pois, em nossas vidas, ao contrário da ficção, nem sempre aqueles que causam a destruição de outros têm o devido castigo. Cabe a nós agirmos conforme nossa consciência para que não sigamos caminhos semelhantes aos deles. 
Referência:
 http://darini.blogspot.com.br

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