terça-feira, 21 de maio de 2013

A DAMA DAS CAMÉLIAS, DE ALEXANDRE DUMAS FILHO



Dama das camélias é uma obra de Alexandre Dumas (filho) datada de 1848 (nesse ano estão emergindo revoluções burguesas por todo mundo, até aqui no Brasil. Esta obra serviu de inspiração para José de Alencar escrever sua obra Lucíola, e há até uma referencia direta a A dama das Camélias. A dama das camélias é um romance situado na Paris do século XIX, retratando a história de amor entre Armand Duval e sua amada Marguerit Gautier, uma cortesã. A obra é narrada como se fosse uma leitura dos diários que Armand escreveu durante sua estada com Marguerite. A vida de devassidão e glamou das cortesãs e dos aristocratas parisienses do século XIX são retradas, bem como há uma descrição dos costumes da época. O ciúme também é marcante nesta obra, principalmente o de Armand ao presenciar os encontros de Marguerite com seus clientes.
O romance passional de Alexandre Dumas Filho, A Dama das Camélias, é considerado um clássico da dramaturgia mundial. A história caiu nas graças da platéia, ora mais elitista, ora mais popular, desde a sua estréia na metade do século XIX. Muitas linguagens apropriaram-se do texto para representações. O romance original migrou para o teatro, para a ópera e para o cinema e, daí, filmagem e refilmagens.

A obra tem flashes autobiográficos, e conta os encontros e desencontros de um amor impossível vivido por Dumas Filho, o talentoso filho ilegítimo de Alexandre Dumas, célebre pelas aventuras dos Três Mosqueteiros. Dumas Filho soube dramatizar suas experiências, agregando fabulações do popular à requintada e frívola vida da elite burguesa, criando um melodrama clássico na história do teatro. Desde a estréia, A Dama das Camélias ficou num meio termo entre o drama romântico apresentado na Comédia Francesa para a elite, e os melodramas apresentados para a massa nos teatros de boulevards.

A tradicional Dama das Camélias conta a história de uma elegante cortesã francesa, em meados do século XIX, que encanta Paris com sua beleza, suas artimanhas no amor e no sexo, sua vida luxuosa e perdulária, mantida por ricos progenitores da emergente burguesia urbana.
Marguerite estava na "vida" por falta de recursos, mas na "vida" enriqueceu e apresentava muitas vezes um padrão de vida acima de suas posses e que Armand não poderia manter.
Há belas partes em que Marguerite apresenta-se muito além da superficialidade da cortesã, refletindo sobre a alma e o corpo. Há de se destacar também o preconceito sofrido pelas cortesãs e pelos rapazes que as tomavam como companheiras, como no caso de Armand.
As mulheres “teúdas e manteúdas” eram a vaidade em vitrine dos senhores proprietários. A Dama das Camélias e Armand vivem uma grande paixão impossível pela segregação social da sociedade burguesa classista. O pai de Armand trama a separação e convence a Dama das Camélias que aquela relação é uma ruína para a família e para o futuro do filho. Por vezes ele pede a ela que largue a atividade de cortesã, mas ai entre outro tema marcante, o do dinheiro. Um clássico da literatura repleto de criticas e reflexões acerca da sociedade da época, no qual transbordavam preconceitos e exploração de diversos direitos .
A Dama comove-se. Num ato de nobreza incomum, renuncia a Armand e, resignada com seu infortúnio, fica reconhecida, pela sociedade, como a cortesã mais honesta, humana, e guardiã da falsa moral burguesa.
Na peça de Dumas, em cinco atos divididos em episódios, a pressão é social: ela não pode ficar com um homem de família nobre. Essa cortesã é inspirada em uma mulher real, exercendo até hoje um fascínio em todo o mundo. No fundo, é um livro moral, apesar da temática ousada ainda hoje. A personagem não tem máscaras. Vive à custa de homens. Mas é transformada pelo amor.
Com um sentimento verdadeiro, encontra forças interiores para se redimir como pessoa. A discussão moral e ética do livro é, enfim, resumida pelo sentimento do autor, que norteia todo o romance: se Jesus perdoou Maria Madalena, por que não podemos perdoar as mulheres como elas?
O narrador do romance é o confidente de Armand Duval, que o conhece quando Marguerite já está morta. Esse narrador cede a palavra a diversos outros personagens, que se incumbem de reconstruir o passado dos amantes. A narrativa é composta não linearmente pelos sucessivos relatos de Armand, pela reprodução das cartas escritas pelo casal e pela apresentação do diário dos últimos dias da cortesã, finalizado por sua amiga Julie Duprat.

Existe uma ironia velada na história, parcialmente autobiográfica, que pode ter sua origem na mágoa do autor: Dumas Filho é na vida real bastardo, seu senso de justiça social, sua necessidade de proteger e salvar a Dama das Camélias remete às suas relações paternais/maternais conflituosas. Por outro lado, na relação amorosa de Armand, pode-se caracterizar um tipo especial de escolha de objeto feita pelos homens: o “amor à prostituta”, que pode variar “dentro de limites substanciais, do leve murmúrio de escândalo a respeito de uma mulher casada que não seja avessa a namoricos, até o modo de vida francamente promíscuo de uma cocotte ou uma profissional na arte do amor”.
O mito central de A Dama das Camélias “não é o amor, é o reconhecimento: a Dama, Marguerite, ama para ser reconhecida e, a esse título a paixão provém inteiramente de outrem”. As encenações, os conflitos, os equívocos e as vilanias que popularizaram a Dama não são de ordem psicológica, são, sim, sintomas do corpo social, são duas paixões de zonas diferentes da sociedade. O amor de Armand é o tipo de amor burguês, segregativo, apropriativo. O amor da Dama é o postulado de ser reconhecida, que culmina quando renuncia a ele, ou “assassina a paixão de Armand”, para eternamente ter o reconhecimento do mundo dos senhores.

Referência:
http://www.passeiweb.com

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