Bem gente hoje trouxe um material diferente, material de uma aluna Vitória Layra do 7º ano, achei interessante ela sempre tentar reproduzir, o que esta sentindo através de pensamentos e poesias.
postarei as que gostei;
domingo, 15 de dezembro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
GETULIO VARGAS
Gente lendo uma revista historia da biblioteca nacional, achei um texto muito interessante e postarei aqui pra vocês
Em agosto de 2004, quando o suicídio de Getulio Vargas completou 50 anos, o Brasil assistiu a uma onda de celebrações em memória ao ex-presidente. Seminários, exposições, debates, construção de memoriais, artigos em revistas especializadas, cadernos especiais nos jornais, programas de rádio e televisão. O tom era francamente positivo, com as atenções voltadas para o seu segundo governo (1951-1954) – tempos de crescimento econômico e de implantação de políticas industriais que estimularam a ampliação do mercado de trabalho, o que possibilitou maior inclusão social. Tudo isso sob a vigência de normas democráticas. Nos dias de hoje, é compreensível que esse cenário provoque nostalgia naqueles que voltam o olhar para a década de 1950. Afinal, integrar o pleno funcionamento da democracia com a retomada do crescimento econômico e a diminuição das desigualdades sociais ainda é o grande desafio brasileiro.
Nem sempre a memória de Vargas recebeu tratamento tão nobre. Em primeiro lugar, porque se trata de um personagem bastante ambíguo – se por um lado contribuiu com inegáveis avanços para o desenvolvimento do país, por outro liderou um período autoritário e de repressão política em seu primeiro governo (1930-1945). Além disso, no último meio século o Brasil atravessou grandes mudanças políticas e institucionais. À experiência democrática iniciada em 1946 sucederam-se, a partir de 1964, vinte anos de ditadura militar, até que em 1985 se iniciasse novo processo de construção da democracia. Para cada um desses momentos veio à tona um Vargas diferente.
Agosto de 1964. Os dez anos do suicídio coincidem com o início de um novo regime: o golpe militar havia ocorrido em 31 de março daquele ano. Não poderia haver momento pior para o cultivo da memória de Vargas. Seu principal herdeiro, o presidente João Goulart, havia sido deposto, e um grande número de partidários do PTB e do PSD, partidos que lhe deram sustentação no segundo governo, foram afastados da vida pública. Os militares que tomaram o poder apresentavam-se como aqueles que iriam pôr fim à Era Vargas.
“A queda do império getuliano” foi o título de um conjunto de textos publicado no Jornal do Brasil no domingo, 23 de agosto de 1964. Três grandes reportagens procuravam enfocar sua trajetória sob diferentes ângulos. A primeira tratava de aspectos pessoais, da infância até a formação na Faculdade de Direito e o início da vida profissional como promotor. Ainda que de caráter pouco opinativo, o texto deixava entrever simpatia pelo personagem. A seguir apresentava-se uma cronologia comentada dos principais fatos políticos que contaram com a participação de Vargas, como a Revolução de 1930, o golpe de 1937, a deposição em 1945 e a volta ao poder pelas urnas em 1950. Por fim, a matéria intitulada “Memórias de agosto” fazia uma retrospectiva dos acontecimentos que antecederam o suicídio. Em destaque, o depoimento de Café Filho – vice-presidente de Vargas e seu sucessor, cujo breve governo se aproximou da oposicionista UDN –, que apenas relembrava os episódios, sem fazer qualquer julgamento: “Um ex-presidente não deve julgar um ex-presidente”. Talvez os ex-presidentes Kubitschek e Goulart não pensassem da mesma forma, mas eles estavam no exílio e não foram ouvidos.
Curioso é que, enquanto o golpe de 1964 foi visto por alguns como a “segunda morte de Vargas”, não demorou para que o governo adotasse um projeto autoritário que incluía exatamente as idéias de um Estado centralizado e de um sindicalismo corporativista – como se viu na tradição varguista. Por isso, quando chegou 1974, vigésimo aniversário de sua morte, a memória de Vargas ganhou outro tratamento. Na Câmara dos Deputados, os líderes dos novos partidos políticos (a Arena, de apoio ao governo, e o MDB, de oposição consentida) proferiram discursos em sua homenagem. Naquele teatro oficial, o tom era de ênfase no desenvolvimento econômico. Houve também algumas tímidas manifestações nas ruas do país. No Rio de Janeiro, elas se concentraram na praça da Cinelândia, em frente ao busto do presidente. Flores foram deixadas ao pé do monumento e duas mil cópias da carta-testamento foram distribuídas, muitas trazendo também os nomes de candidatos ao Congresso Nacional. Em Porto Alegre, o MDB homenageou Vargas com uma missa e uma concentração política diante do monumento à carta-testamento.
Já a imprensa não produziu apenas conteúdos positivos. Um artigo do jornalista Carlos Castello Branco, publicado em caderno especial do mesmo Jornal do Brasil, indica sua intenção crítica já pelo título: “A ditadura”. O autor rememora a censura praticada no Estado Novo, a ação repressora do governo diante das manifestações políticas e as prisões efetuadas. A figura que emerge é a do Vargas ditador, odiado por aqueles que defendiam a liberdade de expressão e a democracia. Para Castello Branco, a ditadura de Vargas propiciava a “corrupção sob todas as formas e se tornava ineficiente como fator de mobilização para o trabalho. (...) A ditadura é por definição centralista, mas no Brasil daqueles tempos, sem comunicações, havia, além de uma ditadura estadual, ditaduras culturais”. Qualquer semelhança com o contexto da época certamente não se deve a coincidência. Carlos Castello Branco se utiliza da condenação ao autoritarismo do Estado Novo para realçar as arbitrariedades do regime em vigor.
A partir do final de 1978, quando foi revogado o Ato Institucional n° 5, o mais drástico da legislação de exceção editada pelo regime militar, os ventos da abertura começaram a soprar com mais força. No ano seguinte, foi decretada a anistia política e a reforma partidária. Muitos exilados voltaram ao país, e em 1982 houve eleições diretas para governador. Em 1983, um outro tipo de comemoração foi preparado em torno de Vargas: celebrou-se o centenário de seu nascimento.
Os novos ares democráticos possibilitaram a realização de diversos debates sobre a Era Vargas. Pela primeira vez sua memória alimentava análises sobre a história recente do país, a partir de comparações entre diferentes períodos. A reestruturação dos partidos políticos desencadeada em 1979, por exemplo, foi discutida à luz do cenário pós-1945, quando o país também viveu um retorno à democracia. A diferença era que, no pós-Estado Novo, o getulismo e o antigetulismo eram determinantes no jogo político, enquanto no início dos anos 1980 não havia nenhum partido ou núcleo político declaradamente antigetulista. Ao contrário, o getulismo e sobretudo o trabalhismo passaram a ser utilizados como trunfo eleitoral por vários partidos. A exploração eleitoral voltava-se para uma parte específica da memória de Vargas: seu lado nacionalista e patriótico, tal qual exposto na carta-testamento.
De modo geral, o centenário de 1983 redimiu a figura de Getulio Vargas associando-a ao seu segundo governo, democrático e nacionalista. Ainda que alguns artigos mencionassem a face autoritária do líder, o foco não se fixava nessa questão. No ano seguinte, a comemoração dos 30 anos da morte de Vargas assumiu grande relevância no cenário político.
Assim que foi rejeitada a emenda das “Diretas Já”, a oposição lançou a candidatura de Tancredo Neves para a eleição indireta à Presidência. Político conciliador, Tancredo era governador de Minas Gerais. E ex-ministro de Vargas. Em agosto de 1984, o candidato da Aliança Democrática – formada pelo PMDB e pelos dissidentes do governo – juntou-se a Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT, herdeiro do antigo PTB), e a outros líderes em uma caravana rumo a São Borja (RS), cidade natal de Getulio, para prestar-lhe uma homenagem. A memória de Vargas ajudou a costurar a aliança entre PDT e PMDB. Unidos para reverenciar o passado, os dois partidos estavam de olho no futuro. “Getulio é realmente aquele divisor de águas, aquele que havia dado mais que a sua vida, havia dado todo o seu espírito a serviço da emancipação política, econômica e social do nosso povo. (...) Feliz a pátria que pode possuir homens públicos da sua estatura; feliz a nação que pode se honrar de ter tido um filho deste vulto e deste porte”, afirmou Tancredo Neves na ocasião. Brizola aproveitou para sugerir que, dali em diante, 24 de agosto fosse considerado o “Dia da Carta-testamento”. “Mais que a morte do presidente Getulio Vargas, a referida data assinala o lançamento daquele grande manifesto, cujo impacto e a posterior influência sobre os destinos do povo brasileiro são de uma profundidade que ainda não estamos em condição de avaliar. Divulgar o pensamento conclusivo do maior estadista deste século é uma questão cívica que interessa ao conjunto da Nação, com vistas às novas gerações”, discursou o gaúcho, governador do Rio.
A redemocratização do país não transcorreu sem percalços. Eleito presidente em janeiro de 1985, Tancredo morreu antes de tomar posse. No governo de seu sucessor, o vice José Sarney, todas as atenções se voltaram para o combate à inflação, que progredia em ritmo alarmante. A memória de Vargas também não navegaria em águas calmas.
“A Era Vargas acabou”. O mote, que reverbera o discurso dos militares do golpe de 1964, ressurgiu no início dos anos 1990. Era o momento de questionar o modelo de desenvolvimento econômico inaugurado por ele. Em 1994, analistas defendiam que a tendência mundial de abertura das economias, de privatização das empresas estatais, redução da ação do Estado, controle das contas públicas e ajuste fiscal resultaria, para o Brasil, na “terceira morte de Vargas”.
Este foi o título de um artigo assinado pelo cientista político Bolívar Lamounier naquele ano. Segundo o autor, com novas instituições, uma opinião pública livre e novos meios de comunicação, o país vivia um período de construção democrática, no qual desaparecia “a preocupação com a tutela das Forças Armadas sobre o sistema político”. Por isso seria possível “afirmar que o getulismo e o antigetulismo virulentos feneceram”. Outras críticas foram expressas na ocasião, como fez um editorial do Jornal do Brasil (25/8/1994) que apontava o corporativismo como herança negativa do varguismo enraizada na sociedade brasileira.
A oposição, por sua vez, tentava usar o mito a seu favor. Para a economista Maria da Conceição Tavares, o então candidato à Presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, era o principal herdeiro do trabalhismo de Vargas, enquanto o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de Fernando Henrique Cardoso, poderia ser comparado à antiga UDN. Depois de eleito FHC, muitas vozes da oposição continuaram a apregoar os valores positivos de um certo legado varguista. Na luta contra as privatizações e no debate sobre a revisão da legislação trabalhista, a figura de Getulio era acionada para contestar os novos rumos tomados pelo país.
O embate ganhou novas feições em 2004. Desde o ano anterior, o país vivia sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder operário que iniciou sua carreira política no final do regime militar, fundando o PT, e que jamais se declarou, ele próprio, herdeiro de alguém.
Contrariando certas expectativas de que o velho líder não mais despertaria grande interesse, naquele ano Vargas ressurgiu com grande vigor. Os principais jornais do país prepararam alentados cadernos especiais. As revistas de História dirigidas ao grande público saíram com fotos de Vargas estampadas na capa. Políticos e intelectuais dedicaram-se a discutir o assunto.
Para alguns analistas, a vitória de Lula na eleição de 2002 poderia representar a retomada de alguns ideais do nacional-estatismo. Cristóvam Buarque, ministro da Educação de Lula até janeiro de 2004, foi um dos que colocaram 1954 em pauta: “Apesar da revolução que significou a eleição de Lula e o governo do PT, 2004 ainda não deixou claro o novo rumo que o país precisa e espera desde 1954”. O ex-ministro não chegava a defender as opções de Vargas, mas destacava a necessidade de conhecê-las para criar um outro projeto nacional: “Ainda é tempo de mudar, de reorientar o Brasil. Lembrar o passado em geral é o melhor passo para começar a construir o futuro. O futuro da continuação do mesmo, dos últimos 50 anos, ou da construção do novo para o século XXI”, escreveu.
A idéia de “construção do novo” não era compartilhada por todos os setores do governo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, criou o “Projeto Getulio Vargas”, que realizou seminários e produziu documentário, livro, exposição, show e memorial com a estátua de Vargas. O projeto manifestava a intenção de “contribuir para o fortalecimento da história [de Vargas], a valorização de seu legado e, sobretudo, o resgate da memória de importantes conquistas para o cidadão brasileiro”. Então presidente do banco, o economista Carlos Lessa defendia o nacionalismo e as políticas econômicas de Vargas, em oposição ao projeto neoliberal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nas palavras de Lessa, “um presidente de alma seca achou que devíamos enterrar a Era Vargas. O que este presidente deixou de legado?” Reforçando a associação do novo presidente com o antigo líder trabalhista, afirmava que “a agenda recuperada de Vargas nos aponta uma continuidade entre o nacional-desenvolvimentismo dele e de sua época e o desenvolvimentismo nacional democrático de Lula”.
Poucas vozes eram exclusivamente de críticas a Vargas. Uma delas foi a do Instituto Liberal, de oposição ao governo Lula. Cândido Prunes, vice-presidente do Instituto, argumentava que o país cometia um erro ao esquecer “a truculência política da era Vargas”. E ia além: “Neste ano em que se registram os 50 anos do suicídio de Getulio Vargas, deveria se iniciar uma campanha pelo banimento do seu nome de todas as ruas, avenidas, praças e locais públicos. Foi ele um caudilho sanguinário que deveria merecer o opróbrio, como qualquer ditador. Ou então, por uma questão de justiça, comecemos a homenagear os militares ‘linha dura’ de 1964”.
Mas, em geral, as opiniões críticas não expressavam um antigetulismo radical. Mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em palestra no jornal O Globo, que suas declarações ao tomar posse em 1994, relativas ao “fim da Era Vargas”, foram mal interpretadas. Afirmou que nunca fora antigetulista, apenas achava que o modelo varguista havia se tornado obsoleto nos novos tempos. E tratou de elogiar o líder: “Getulio não era caudilho. Foi fruto das circunstâncias, mas tinha capacidade tática, malícia, visão”.
De lá para cá, grandes temas da Era Vargas continuam na ordem do dia, como o desenvolvimentismo, o nacionalismo e a intervenção do Estado na economia. Discussões que devem ganhar nova roupagem com a chegada das eleições. Não se sabe ainda como a figura do líder vai reaparecer, mas uma coisa é certa: 54 anos após 54, Getulio continua vivo. E bem na foto.
Marieta de Moraes Ferreira é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC).
Saiba Mais - Bibliografia:
BRANDI, Paulo. Da vida para a história. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
GOMES, Ângela de Castro; PANDOLFI, Dulce Chaves; ALBERTI, Verena (coord.). A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/CPDOC, 2002.
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
SILVA, Hélio. Um tiro no coração. (1a ed., 1980). Porto Alegre: L&PM, 2004.
Vargas para todos os gostos
O que é que Getulio tem? Como explicar que um líder falecido há mais de meio século continue exercendo forte influência no cenário político do país? Por que, afinal, sua figura é lembrada e relembrada – seja para o elogio, seja para a crítica – sempre que se discutem os grandes temas nacionais?Em agosto de 2004, quando o suicídio de Getulio Vargas completou 50 anos, o Brasil assistiu a uma onda de celebrações em memória ao ex-presidente. Seminários, exposições, debates, construção de memoriais, artigos em revistas especializadas, cadernos especiais nos jornais, programas de rádio e televisão. O tom era francamente positivo, com as atenções voltadas para o seu segundo governo (1951-1954) – tempos de crescimento econômico e de implantação de políticas industriais que estimularam a ampliação do mercado de trabalho, o que possibilitou maior inclusão social. Tudo isso sob a vigência de normas democráticas. Nos dias de hoje, é compreensível que esse cenário provoque nostalgia naqueles que voltam o olhar para a década de 1950. Afinal, integrar o pleno funcionamento da democracia com a retomada do crescimento econômico e a diminuição das desigualdades sociais ainda é o grande desafio brasileiro.
Nem sempre a memória de Vargas recebeu tratamento tão nobre. Em primeiro lugar, porque se trata de um personagem bastante ambíguo – se por um lado contribuiu com inegáveis avanços para o desenvolvimento do país, por outro liderou um período autoritário e de repressão política em seu primeiro governo (1930-1945). Além disso, no último meio século o Brasil atravessou grandes mudanças políticas e institucionais. À experiência democrática iniciada em 1946 sucederam-se, a partir de 1964, vinte anos de ditadura militar, até que em 1985 se iniciasse novo processo de construção da democracia. Para cada um desses momentos veio à tona um Vargas diferente.
Agosto de 1964. Os dez anos do suicídio coincidem com o início de um novo regime: o golpe militar havia ocorrido em 31 de março daquele ano. Não poderia haver momento pior para o cultivo da memória de Vargas. Seu principal herdeiro, o presidente João Goulart, havia sido deposto, e um grande número de partidários do PTB e do PSD, partidos que lhe deram sustentação no segundo governo, foram afastados da vida pública. Os militares que tomaram o poder apresentavam-se como aqueles que iriam pôr fim à Era Vargas.
“A queda do império getuliano” foi o título de um conjunto de textos publicado no Jornal do Brasil no domingo, 23 de agosto de 1964. Três grandes reportagens procuravam enfocar sua trajetória sob diferentes ângulos. A primeira tratava de aspectos pessoais, da infância até a formação na Faculdade de Direito e o início da vida profissional como promotor. Ainda que de caráter pouco opinativo, o texto deixava entrever simpatia pelo personagem. A seguir apresentava-se uma cronologia comentada dos principais fatos políticos que contaram com a participação de Vargas, como a Revolução de 1930, o golpe de 1937, a deposição em 1945 e a volta ao poder pelas urnas em 1950. Por fim, a matéria intitulada “Memórias de agosto” fazia uma retrospectiva dos acontecimentos que antecederam o suicídio. Em destaque, o depoimento de Café Filho – vice-presidente de Vargas e seu sucessor, cujo breve governo se aproximou da oposicionista UDN –, que apenas relembrava os episódios, sem fazer qualquer julgamento: “Um ex-presidente não deve julgar um ex-presidente”. Talvez os ex-presidentes Kubitschek e Goulart não pensassem da mesma forma, mas eles estavam no exílio e não foram ouvidos.
Curioso é que, enquanto o golpe de 1964 foi visto por alguns como a “segunda morte de Vargas”, não demorou para que o governo adotasse um projeto autoritário que incluía exatamente as idéias de um Estado centralizado e de um sindicalismo corporativista – como se viu na tradição varguista. Por isso, quando chegou 1974, vigésimo aniversário de sua morte, a memória de Vargas ganhou outro tratamento. Na Câmara dos Deputados, os líderes dos novos partidos políticos (a Arena, de apoio ao governo, e o MDB, de oposição consentida) proferiram discursos em sua homenagem. Naquele teatro oficial, o tom era de ênfase no desenvolvimento econômico. Houve também algumas tímidas manifestações nas ruas do país. No Rio de Janeiro, elas se concentraram na praça da Cinelândia, em frente ao busto do presidente. Flores foram deixadas ao pé do monumento e duas mil cópias da carta-testamento foram distribuídas, muitas trazendo também os nomes de candidatos ao Congresso Nacional. Em Porto Alegre, o MDB homenageou Vargas com uma missa e uma concentração política diante do monumento à carta-testamento.
Já a imprensa não produziu apenas conteúdos positivos. Um artigo do jornalista Carlos Castello Branco, publicado em caderno especial do mesmo Jornal do Brasil, indica sua intenção crítica já pelo título: “A ditadura”. O autor rememora a censura praticada no Estado Novo, a ação repressora do governo diante das manifestações políticas e as prisões efetuadas. A figura que emerge é a do Vargas ditador, odiado por aqueles que defendiam a liberdade de expressão e a democracia. Para Castello Branco, a ditadura de Vargas propiciava a “corrupção sob todas as formas e se tornava ineficiente como fator de mobilização para o trabalho. (...) A ditadura é por definição centralista, mas no Brasil daqueles tempos, sem comunicações, havia, além de uma ditadura estadual, ditaduras culturais”. Qualquer semelhança com o contexto da época certamente não se deve a coincidência. Carlos Castello Branco se utiliza da condenação ao autoritarismo do Estado Novo para realçar as arbitrariedades do regime em vigor.
A partir do final de 1978, quando foi revogado o Ato Institucional n° 5, o mais drástico da legislação de exceção editada pelo regime militar, os ventos da abertura começaram a soprar com mais força. No ano seguinte, foi decretada a anistia política e a reforma partidária. Muitos exilados voltaram ao país, e em 1982 houve eleições diretas para governador. Em 1983, um outro tipo de comemoração foi preparado em torno de Vargas: celebrou-se o centenário de seu nascimento.
Os novos ares democráticos possibilitaram a realização de diversos debates sobre a Era Vargas. Pela primeira vez sua memória alimentava análises sobre a história recente do país, a partir de comparações entre diferentes períodos. A reestruturação dos partidos políticos desencadeada em 1979, por exemplo, foi discutida à luz do cenário pós-1945, quando o país também viveu um retorno à democracia. A diferença era que, no pós-Estado Novo, o getulismo e o antigetulismo eram determinantes no jogo político, enquanto no início dos anos 1980 não havia nenhum partido ou núcleo político declaradamente antigetulista. Ao contrário, o getulismo e sobretudo o trabalhismo passaram a ser utilizados como trunfo eleitoral por vários partidos. A exploração eleitoral voltava-se para uma parte específica da memória de Vargas: seu lado nacionalista e patriótico, tal qual exposto na carta-testamento.
De modo geral, o centenário de 1983 redimiu a figura de Getulio Vargas associando-a ao seu segundo governo, democrático e nacionalista. Ainda que alguns artigos mencionassem a face autoritária do líder, o foco não se fixava nessa questão. No ano seguinte, a comemoração dos 30 anos da morte de Vargas assumiu grande relevância no cenário político.
Assim que foi rejeitada a emenda das “Diretas Já”, a oposição lançou a candidatura de Tancredo Neves para a eleição indireta à Presidência. Político conciliador, Tancredo era governador de Minas Gerais. E ex-ministro de Vargas. Em agosto de 1984, o candidato da Aliança Democrática – formada pelo PMDB e pelos dissidentes do governo – juntou-se a Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT, herdeiro do antigo PTB), e a outros líderes em uma caravana rumo a São Borja (RS), cidade natal de Getulio, para prestar-lhe uma homenagem. A memória de Vargas ajudou a costurar a aliança entre PDT e PMDB. Unidos para reverenciar o passado, os dois partidos estavam de olho no futuro. “Getulio é realmente aquele divisor de águas, aquele que havia dado mais que a sua vida, havia dado todo o seu espírito a serviço da emancipação política, econômica e social do nosso povo. (...) Feliz a pátria que pode possuir homens públicos da sua estatura; feliz a nação que pode se honrar de ter tido um filho deste vulto e deste porte”, afirmou Tancredo Neves na ocasião. Brizola aproveitou para sugerir que, dali em diante, 24 de agosto fosse considerado o “Dia da Carta-testamento”. “Mais que a morte do presidente Getulio Vargas, a referida data assinala o lançamento daquele grande manifesto, cujo impacto e a posterior influência sobre os destinos do povo brasileiro são de uma profundidade que ainda não estamos em condição de avaliar. Divulgar o pensamento conclusivo do maior estadista deste século é uma questão cívica que interessa ao conjunto da Nação, com vistas às novas gerações”, discursou o gaúcho, governador do Rio.
A redemocratização do país não transcorreu sem percalços. Eleito presidente em janeiro de 1985, Tancredo morreu antes de tomar posse. No governo de seu sucessor, o vice José Sarney, todas as atenções se voltaram para o combate à inflação, que progredia em ritmo alarmante. A memória de Vargas também não navegaria em águas calmas.
“A Era Vargas acabou”. O mote, que reverbera o discurso dos militares do golpe de 1964, ressurgiu no início dos anos 1990. Era o momento de questionar o modelo de desenvolvimento econômico inaugurado por ele. Em 1994, analistas defendiam que a tendência mundial de abertura das economias, de privatização das empresas estatais, redução da ação do Estado, controle das contas públicas e ajuste fiscal resultaria, para o Brasil, na “terceira morte de Vargas”.
Este foi o título de um artigo assinado pelo cientista político Bolívar Lamounier naquele ano. Segundo o autor, com novas instituições, uma opinião pública livre e novos meios de comunicação, o país vivia um período de construção democrática, no qual desaparecia “a preocupação com a tutela das Forças Armadas sobre o sistema político”. Por isso seria possível “afirmar que o getulismo e o antigetulismo virulentos feneceram”. Outras críticas foram expressas na ocasião, como fez um editorial do Jornal do Brasil (25/8/1994) que apontava o corporativismo como herança negativa do varguismo enraizada na sociedade brasileira.
A oposição, por sua vez, tentava usar o mito a seu favor. Para a economista Maria da Conceição Tavares, o então candidato à Presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, era o principal herdeiro do trabalhismo de Vargas, enquanto o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de Fernando Henrique Cardoso, poderia ser comparado à antiga UDN. Depois de eleito FHC, muitas vozes da oposição continuaram a apregoar os valores positivos de um certo legado varguista. Na luta contra as privatizações e no debate sobre a revisão da legislação trabalhista, a figura de Getulio era acionada para contestar os novos rumos tomados pelo país.
O embate ganhou novas feições em 2004. Desde o ano anterior, o país vivia sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder operário que iniciou sua carreira política no final do regime militar, fundando o PT, e que jamais se declarou, ele próprio, herdeiro de alguém.
Contrariando certas expectativas de que o velho líder não mais despertaria grande interesse, naquele ano Vargas ressurgiu com grande vigor. Os principais jornais do país prepararam alentados cadernos especiais. As revistas de História dirigidas ao grande público saíram com fotos de Vargas estampadas na capa. Políticos e intelectuais dedicaram-se a discutir o assunto.
Para alguns analistas, a vitória de Lula na eleição de 2002 poderia representar a retomada de alguns ideais do nacional-estatismo. Cristóvam Buarque, ministro da Educação de Lula até janeiro de 2004, foi um dos que colocaram 1954 em pauta: “Apesar da revolução que significou a eleição de Lula e o governo do PT, 2004 ainda não deixou claro o novo rumo que o país precisa e espera desde 1954”. O ex-ministro não chegava a defender as opções de Vargas, mas destacava a necessidade de conhecê-las para criar um outro projeto nacional: “Ainda é tempo de mudar, de reorientar o Brasil. Lembrar o passado em geral é o melhor passo para começar a construir o futuro. O futuro da continuação do mesmo, dos últimos 50 anos, ou da construção do novo para o século XXI”, escreveu.
A idéia de “construção do novo” não era compartilhada por todos os setores do governo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, criou o “Projeto Getulio Vargas”, que realizou seminários e produziu documentário, livro, exposição, show e memorial com a estátua de Vargas. O projeto manifestava a intenção de “contribuir para o fortalecimento da história [de Vargas], a valorização de seu legado e, sobretudo, o resgate da memória de importantes conquistas para o cidadão brasileiro”. Então presidente do banco, o economista Carlos Lessa defendia o nacionalismo e as políticas econômicas de Vargas, em oposição ao projeto neoliberal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nas palavras de Lessa, “um presidente de alma seca achou que devíamos enterrar a Era Vargas. O que este presidente deixou de legado?” Reforçando a associação do novo presidente com o antigo líder trabalhista, afirmava que “a agenda recuperada de Vargas nos aponta uma continuidade entre o nacional-desenvolvimentismo dele e de sua época e o desenvolvimentismo nacional democrático de Lula”.
Poucas vozes eram exclusivamente de críticas a Vargas. Uma delas foi a do Instituto Liberal, de oposição ao governo Lula. Cândido Prunes, vice-presidente do Instituto, argumentava que o país cometia um erro ao esquecer “a truculência política da era Vargas”. E ia além: “Neste ano em que se registram os 50 anos do suicídio de Getulio Vargas, deveria se iniciar uma campanha pelo banimento do seu nome de todas as ruas, avenidas, praças e locais públicos. Foi ele um caudilho sanguinário que deveria merecer o opróbrio, como qualquer ditador. Ou então, por uma questão de justiça, comecemos a homenagear os militares ‘linha dura’ de 1964”.
Mas, em geral, as opiniões críticas não expressavam um antigetulismo radical. Mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em palestra no jornal O Globo, que suas declarações ao tomar posse em 1994, relativas ao “fim da Era Vargas”, foram mal interpretadas. Afirmou que nunca fora antigetulista, apenas achava que o modelo varguista havia se tornado obsoleto nos novos tempos. E tratou de elogiar o líder: “Getulio não era caudilho. Foi fruto das circunstâncias, mas tinha capacidade tática, malícia, visão”.
De lá para cá, grandes temas da Era Vargas continuam na ordem do dia, como o desenvolvimentismo, o nacionalismo e a intervenção do Estado na economia. Discussões que devem ganhar nova roupagem com a chegada das eleições. Não se sabe ainda como a figura do líder vai reaparecer, mas uma coisa é certa: 54 anos após 54, Getulio continua vivo. E bem na foto.
Marieta de Moraes Ferreira é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC).
Saiba Mais - Bibliografia:
BRANDI, Paulo. Da vida para a história. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
GOMES, Ângela de Castro; PANDOLFI, Dulce Chaves; ALBERTI, Verena (coord.). A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/CPDOC, 2002.
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
SILVA, Hélio. Um tiro no coração. (1a ed., 1980). Porto Alegre: L&PM, 2004.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Inconfidência Mineira
Introdução
A Inconfidência Mineira foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período colonial. Ocorreu em Minas Gerais no ano de 1789, em pleno ciclo do ouro.
A Inconfidência Mineira foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período colonial. Ocorreu em Minas Gerais no ano de 1789, em pleno ciclo do ouro.
No final do século XVIII, o
Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e com a
cobrança de altas taxas e impostos. Além disso, a
metrópole havia decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento
industrial e comercial do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei
que proibia o funcionamento de industrias fabris em território brasileiro.
Causas
Causas
Vale lembrar também que, neste
período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas
Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja,
vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles
que eram pegos com ouro “ilegal” (sem ter pagado o imposto”) sofria duras
penas, podendo até ser degredado (enviado a força para o território africano).
Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.
Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pela idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da Independência do Brasil.
Os Inconfidentes
Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.
Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pela idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da Independência do Brasil.
Os Inconfidentes
O grupo, liderado pelo alferes
Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes era formado pelos poetas
Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de
Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira. A ideia
do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo
republicano em nosso país. Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía
uma posição definida. Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma nova
bandeira para o Brasil. Ela seria composta por um triangulo vermelho num fundo
branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que
Tardia).
Os inconfidentes haviam marcado o
dia do movimento para uma data em a derrama seria executada. Desta forma,
poderiam contar com o apoio de parte da população que estaria revoltada. Porém,
um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, delatou o movimento para as
autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas dívidas com a coroa. Todos
os inconfidentes foram presos, enviados para a capital (Rio de Janeiro) e
acusados pelo crime de infidelidade ao rei. Alguns inconfidentes ganharam como
punição o degredo para a África e outros uma pena de prisão. Porém, Tiradentes,
após assumir a liderança do movimento, foi condenado a forca em praça pública.
Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Mineira como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela independência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito.
Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Mineira como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela independência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito.
Tiradentes
Introdução
O nome do líder da Inconfidência
Mineira era Joaquim José da Silva Xavier. Nasceu na Vila de São Jose Del Rei
(atual cidade de Tiradentes, Minas Gerais) em 1746, porém foi criado na cidade
de Vila Rica (atual Ouro Preto).
Biografia
Exerceu diversos trabalhos entre
eles minerador e tropeiro. Tiradentes também foi alferes, fazendo parte do
regimento militar dos Dragões de Minas Gerais.
Junto com vários integrantes da aristocracia
mineira, entre eles poetas e advogados, começa a fazer parte do movimento dos
inconfidentes mineiros, cujo objetivo principal era conquistar a Independência do Brasil.
Tiradentes era um excelente comunicador e orador. Sua capacidade de organização
e liderança fez com que fosse o escolhido para liderar a Inconfidência Mineira.
Em 1789, após ser delatado por Joaquim Silvério dos Reis, o movimento foi
descoberto e interrompido pelas tropas oficiais. Os inconfidentes foram
julgados em 1792. Alguns filhos da aristocracia ganharam penas mais brandas
como, por exemplo, o açoite em praça pública ou o degredo.
Tiradentes, com poucas
influências econômicas e políticas, foi condenado a forca. Foi executado em 21
de abril de 1792. Partes do seu corpo foram expostas em postes na estrada que
ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais.
Sua casa foi queimada e seus bens confiscados.
Conclusão : Tiradentes pode ser
considerado um herói nacional. Lutou pela independência do Brasil, num período
em que nosso país sofria o domínio e a exploração de Portugal. O Brasil não
tinha uma constituição,
direitos de desenvolver indústrias em seu território e o povo sofria com os
altos impostos cobrados pela metrópole. Nas regiões mineradoras, o quinto
(imposto pago sobre o ouro) e a derrama causavam revolta na população. O
movimento da Inconfidência Mineira, liderado por Tiradentes, pretendia
transformar o Brasil numa república independente de Portugal.
Causas da
Inconfidência Mineira
Principais causas da
Inconfidência Mineira
- Exploração
colonial imposta por Portugal ao Brasil.
- Medidas
autoritárias, tomadas pela corte portuguesa, com relação ao desenvolvimento
econômico, político e social do Brasil;
- Cobrança do
"quinto" pelos portugueses. Esta taxa incidia sobre todo ouro
encontrado no Brasil e estabelecia que 20% deveria ir para os cofres da corte
portuguesa. Quem não pagasse sofria sérias punições, entre elas o degredo para
a África.
- Criação da
Derrama. Cada região aurífera devia pagar 100 arrobas de ouro por ano para a
corte portuguesa. Quando uma região não conseguia arrecadar esta quantidade,
soldados entravam nas casas das pessoas que moravam na região e retiravam, a
força, objetos de valor até completar o imposto devido. A - Derrama causou
muita revolta, principalmente, porque foi criada num período em que as minas
estavam entrando em processo de declínio de produção.
- Vontade da
elite brasileira (principalmente fazendeiros) em participar ativamente das
decisões políticas do país.
- Influência
do liberalismo. Intelectuais brasileiros entraram em contado com o pensamento
liberal europeu, que defendia liberdade e democracia, e pretendiam implantar
estes ideais no Brasil. Estes ideais só poderiam ser atingidos com a
Independência do Brasil.
Referência
Filme :
Os Inconfidentes . Joaquim Pedro de Andrade. Brasil, 1972
Os Inconfidentes . Joaquim Pedro de Andrade. Brasil, 1972
Livros :
BENTES, Ivana. “ Independência ou Morte ”. Joaquim Pedro de Andrade: a revolução intimista. Rio de Janeiro : Relume-Dumará, 1996.
BERNADET, Jean-Claude. “O caso Tiradentes: notas ”. Piranha no mar de rosas . São Paulo: Nobel, 1982. RAMOS , Alcides Freire. “ A conjuntura política (1964-1972) e Os inconfidentes ”. Canibalismo dos fracos : cinema e história do Brasil. São Paulo: Edusp, 2002.
BENTES, Ivana. “ Independência ou Morte ”. Joaquim Pedro de Andrade: a revolução intimista. Rio de Janeiro : Relume-Dumará, 1996.
BERNADET, Jean-Claude. “O caso Tiradentes: notas ”. Piranha no mar de rosas . São Paulo: Nobel, 1982. RAMOS , Alcides Freire. “ A conjuntura política (1964-1972) e Os inconfidentes ”. Canibalismo dos fracos : cinema e história do Brasil. São Paulo: Edusp, 2002.
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segunda-feira, 26 de agosto de 2013
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Cidades historicas do Tocantins I
Natividade
Natividade
ainda guarda as marcas do período da escravidão, quando chegou a ter mais de 40
mil homens em cativeiro, trabalhando na exploração do ouro.
De acordo
com as lendas do lugar, suas paredes guardam grandes fortunas em ouro, que era
abundante na região e que, ainda hoje, é encontrado nas pedras que calçam as
ruas.
Natividade
conserva ruas estreitas e antigos casarões, com arquitetura de influência
portuguesa e francesa. Em 1987, seu centro histórico foi tombado pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Como
chegar:
Palmas -
Porto Nacional, pela TO-070.
Em
seguida, Porto Nacional - Silvanópolis, pela TO-050.
Silvanópolis
- Natividade, pela BR-010.
Turismo Cultural
O
artesanato é feito à base de palha de buriti (esteiras e chapéus) e barro
(potes). Entre as comidas típicas destacam-se a produção de doces de mamão,
caju e buriti.
Quibebe
de carne seca com mandioca picada, frango cozido com guariroba, frango assado e
arroz com pequi são algumas das delícias da região. Também, tradicionais da
região, temos o biscoito amor-perfeito, licores de frutas típicas do cerrado e
a produção artesanal de jóias.
Entre as
principais danças folclóricas destacam-se a sússia e a catira, apresentadas em
eventos religiosos e apresentações culturais.
Ruínas da
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Igreja do
século XVIII, construída pelos escravos, que não chegou a ser concluída. Da sua
estrutura original restaram apenas as paredes laterais e o arco da entrada
principal, totalmente feitos de pedra.
As ruínas
encontram-se em bom estado de conservação. Por não possuir teto, o que
possibilita um ambiente ao ar livre, a igreja abriga apresentações
artístico-culturais da região como, por exemplo, a sússia – dança local típica,
herdada dos escravos e que representa um jogo de sedução entre casais.
Igreja de Nossa Senhora da Natividade (Igreja da
Matriz)
A igreja
data de 1759 e apresenta uma arquitetura simples, em estilo colonial. O altar é
feito de madeira, pintado de azul e a igreja possui, ainda, dois sinos de
cobre.
Centro Bom Jesus de Nazaré (Sítio Jacuba)
Destaca-se
pelas construções presentes em seu terreno. A sua estrutura é composta por
várias formações em rocha, imitando seres humanos, magos, pássaros gigantes e
figuras estelares e geométricas. O local é considerado místico por estudiosos e
pelos próprios moradores da região,
Romaria do Bonfim
É a maior
e a mais tradicional festa religiosa do Estado do Tocantins, que recebe uma
média de 60 mil fiéis vindos de diversas regiões do Estado. A festa de Nosso
Senhor do Bonfim acontece de 7 a 17 de agosto, no povoado de Bonfim, a 24 km de
Natividade.
É comum
ver os romeiros atravessando, de joelhos, os 24 km revestidos de cascalho que
separam o povoado da cidade de Natividade, em uma impressionante demonstração
de fé e resignação. A origem da Romaria remonta aos primeiros focos de
surgimento de Natividade. O local teria sido um santuário criado por fiéis ou
um núcleo missionário dos carmelitas ou dos jesuítas.
Ruínas da cidade velha
A cidade
velha foi o núcleo que deu origem à cidade de Natividade, no início do século
XVIII. As trilhas que levam às ruínas só podem ser percorridas a pé, com o
acompanhamento de um guia, por se tratar de uma região de garimpo de ouro ainda
semi-ativo.
Festa do Divino
É
realizada há mais de um século. No domingo do Espírito Santo, o grande dia, o
Imperador, personagem central da festa é conduzido ao altar da Igreja Matriz,
onde assiste a celebração da missa. De lá, parte-se para uma grande festa
regada a doces, bolos e bebidas na casa do Imperador. A crença diz que o Divino
acaba com a fome, com a guerra e que sua bandeira traz bênçãos, fortuna e
alegria para a comunidade.
Referência:
Imagens;
http://olhares.uol.com.br/centro-historico-de-natividade-tocantins-foto3141317.html
http://www.cidadesdomeubrasil.com.br/to/natividade
http://conexaoto.com.br/2012/05/29/festa-do-divino-em-natividade-resgata-tradicao-cultural
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